quinta-feira, 30 de outubro de 2008

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A gente se opunha ao naciolalismo; até porque a esquerda era nacionalista, e a gente se opunha a essa atitude da esquerda que se opunha a nós que era a estética (..)nacionalista que achava que nós devíamos fazer, procurar as raízes brasileiras e fazer uma coisa brasileira.
[...] Essa revolucionária da bossa nova, fazendo o contrário que ela fazia. Virá-la pelo avesso, pegar tudo que ela tinha precisado botar de parte para poder se afirmar como estilo [...]"


(Caetano explicando o que foi o porquê do Movimento Tropicalista e o que aconteceu para a criação de algumas de suas músicas neste momento)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Em 12 dezembro de 1968, a jornalista e fotógrafa Marisa Alvarez Lima publica na revista O Cruzeiro o artigo “Marginália – arte e cultura na idade da pedrada” e divulga publicamente os primeiros nomes e trabalhos ligados ao tema da cultura marginal.
Através de uma relação criativa entre a arte brasileira e o cotidiano social das grandes cidades, a marginália passa a incorporar em seus trabalhos uma série de elementos e representações da violência diária. Seu intuito era propor uma crítica aos conservadorismos da sociedade. Fruto direto do avanço da contracultura no Brasil, muitas vezes a cultura marginal é associada à idéia do desbunde ou da curtição, termos relacionados a uma parcela da juventude brasileira desse período.

O começo do Tropicalismo
O movimento surge da união de uma série de artistas baianos, no contexto do Festival de Música Popular Brasileira promovidos pela Rede Record, em São Paulo e Globo, no Rio de Janeiro.
Um momento crucial para a definição da Tropicália foi o Festival de Música Popular Brasileira, no qual Caetano Veloso interpretou "Alegria, Alegria" e Gilberto Gil, ao lado dos Mutantes, "Domingo no Parque". No ano seguinte, o festival foi integralmente considerado tropicalista (Tom Zé aí apresentou a canção "São Paulo"). No mesmo ano foi lançado o disco Tropicália ou panis et circensis, considerado quase como um manifesto do grupo.

Influências: movimento antropofágico, pop art, concretismo

Antropofagia
Grande parte do ideário do movimento possui algum tipo de relação com as propostas que, durante as décadas de 1920 e 30, os artistas ligados ao Movimento antropofágico promoviam (Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, entre outros): são especialmente coincidentes as propostas de digerir a cultura exportada pelas potências culturais (como a Europa e os EUA) e regurgitá-la após a mesma ser mesclada com a cultura popular e a identidade nacionais (que em ambos os momentos não estava definida, sendo que parte das duas propostas era precisamente definir a cultura nacional como algo heterogêneo e repleto de diversidade, cuja identidade é marcada por uma não identidade mas ainda assim bastante rica).
Pop art
A grande diferença entre as duas propostas (a antropofágica e a tropicalista) é que a primeira estava interessada na digestão da cultura erudita que estava sendo exportada, enquanto os tropicalistas incorporavam todo tipo de referencial estético, seja erudito ou popular. Acrescente-se a isso uma novidade: a incorporção de uma cultura não necessariamente popular, mas pop). O movimento, neste sentido, foi bastante influenciado pela estética da pop art e reflete no Brasil algumas das discussões de artistas pop (como Andy Warhol).

Concretismo

Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que costumam estar associados à idéia de vanguarda negativa, o Tropicalismo também manifestou-se como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 (especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em tratar a poesia das canções como elemento plástico, criando jogos lingüísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo.


"[...]a visão que o tropicalismo tinha da cultura, da sociedade,da política etc, já, talvez, já não dê conta, mas de todo modo, é uma visão ainda muito... muito coerente com a... com a... o desejo, o impulso natural que a sociedade brasileira tem pela diversidade, impulso para a diversidade, impulso para o pluralismo, o impulso para a visão compartilhada das possibilidades tecnológicas do mundo atual, da discussão democrática, da democratização dos meios, do acesso aos meios etc. Tudo isso eram questões colocadas pelo capitalismo e, de uma certa forma, tudo isso ainda tá em pauta, né?"


(ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil, comentando os ideais do Tropicalismo, que atualmente vem sendo questionado os seus ideais,devido à mudança de época)
O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.
A Tropicália reúne os icones do Brasil profundo e as novidades da industria cultural, as transformações de comportamento, a resistência política e as aproximações entre arte e vida. Discute as principais questões que a partir da musica e das artes visuais, se estenderam por diversas áreas da cultura.



Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.

"E línguas como que de fogo tornaram-se invisíveis e se distribuíram e sobre cada um deles assentou-se uma. E todos eles ficaram cheios do espíritos santo e principiaram a falar em línguas diferentes"
Referência bíblica citada em "Objeto Semi-identificado" de Gilberto Gil, Rogério Duarte e Rogério Duprat